Portal de Conferências da UFRJ, I Congresso Brasileiro de Economia Social, Solidária e Cooperativismo

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A Economia Social e Solidária no Brasil e na Espanha
Susana Iglesias Webering

Última alteração: 2023-01-25

Resumo


A estruturação dos campos, as pesquisas e definições resultantes são atravessados por aspectos econômicos, sociais, culturais e históricos de cada país que, pela sua complexidade, implicam importantes desafios epistemológicos e metodológicos para o fazer científico. Não obstante, os fatores que determinam a emergência das organizações e suas características explicam a similaridade do fenômeno em diferentes tempos e espaços. Este trabalho trata de delinear alguns destes aspectos no contexto brasileiro e espanhol. A justificativa é a possibilidade de maior interação entre os pesquisadores, o que a expansão de centros como o CIRIEC proporciona. Na Espanha: são recuperadas informações históricas e as discussões mais recentes, como a delimitação de um setor e um conceito de Economia Social, a elaboração de dados fiáveis sobre a Economia Social e especialmente o cooperativismo com o desenvolvimento da metodologia das Contas Satélites que fornecem informações monetárias deste segmento, a conquista de uma legislação e políticas públicas. No Brasil: informações históricas, a conformação de duas vertentes de cooperativismo, o cooperativismo tradicional e o cooperativismo solidário, o surgimento da Economia Solidária, a problemática de dados e a falta de uma política efetiva de consolidação do cooperativismo ou de um setor de Economia Social ou Solidária no país. Pode-se dizer que encontramos um paralelo entre a Economia Solidária no Brasil e Economia Social na Espanha: o intuito de criar uma delimitação para uma realidade organizacional diferenciada, que concilia o econômico e o social. A diferença se encontra nas perspectivas quanto aos desdobramentos, especialmente aquela que marcou a década de 2000 no Brasil, pois a discussão da Economia Solidária emergiu no Brasil na esteira das eleições que levaram o Partido dos Trabalhadores (PT) ao poder em 2003, recuperando a questão do socialismo autogestionário, sobre como essas experiências poderiam ser extrapoladas e gerar uma transformação efetiva da sociedade, tanto que se utilizou amplamente o termo autogestão e não foram contempladas de forma adequada as tensões relacionadas ao desenvolvimento cooperativo. Além disso, a Economia Solidária teve seu papel diminuído no rol das estratégias adotadas pelo Governo. O movimento tenta hoje ampliar seu diálogo e esferas de atuação. Já a busca por uma delimitação para a Economia Social na Espanha se desenvolveu numa perspectiva estratégica econômica pluralista, procurando inclusive compreender a tendência evolutiva dessas experiências, à luz do que uma vasta experiência histórica de grandes complexos cooperativos, como o de Mondragón, poderia aportar.


Palavras-chave


Economia Social; Economia Solidária; Cooperativismo