Portal de Conferências da UFRJ, VII SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS

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Ampliando a democracia nas universidades públicas
Rodrigo Gonçalves Winther

Última alteração: 2019-08-27

Resumo


A tomada de decisão nas instituições públicas nacionais comumente segue a lógica hierárquica-burocrática; o poder de agenda e das deliberações está concentrado nas ‘castas’ superiores da burocracia. Nas instituições de ensino superior a classe docente concentra esse poder. Apesar da LDB 9394/1996 possuir em suas diretrizes ampla abertura para o fomento das decisões em caráter democrático, as estruturas e instituições herdadas de um passado autoritário carecem ainda desse espírito em sentido amplo, isolando parte da comunidade acadêmica da participação da vida universitária. No caso da USP, os técnicos administrativos possuem representação mínima em diversas instancias deliberativas. O clima organizacional gerado é altamente desfavorável: descontentamento permanente, descrença na capacidade dos representantes de influenciar decisões, distanciamento da vida política. Tal conjuntura não contribui para o enriquecimento profissional dos trabalhadores da universidade, além de gerar perdas organizacionais e distanciar a organização do seu caráter público.

Buscando alterar esse cenário, servidores técnicos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP propuseram em 2015 à sua direção a criação de uma Comissão Eleitoral Permanente (CEP), imbuída de atuar propositivamente nos processos de escolha de seus representantes. Os objetivos iniciais com a criação da CEP era requalificar todo o processo reaproximando eleitores das urnas, fomentando o interesse de potenciais candidaturas, melhorando a comunicação e a transparência e resgatando a confiança do eleitorado e o espírito democrático.

Foram utilizadas metodologias práticas visando a crescente modernização dos processos: utilização com maior eficiência dos canais de comunicação existentes (murais, boletins informativos, etc.) para divulgar os processos e seus resultados; criação de painéis contendo informações de instâncias e de candidatos; fomento ao debate público entre candidatos; incorporação de ferramentas eletrônicas de votação e apuração; sistematização de todas as etapas dos processos.

Após 4 anos de trabalho, muitos resultados já puderam ser empiricamente observados: aumento no comparecimento do eleitorado e no número de candidaturas apresentadas; aumento da percepção de transparência por parte da comunidade interna; crescimento do interesse dos servidores técnicos sobre os assuntos gerais da vida institucional; intensificação do diálogo ‘representantes-representados’; melhoria da percepção do eleitorado em relação a qualidade das representações; ampliação do número de representações da categoria nas diversas instâncias institucionais; simplificação das etapas dos processos e diminuição do volume documental.

Ainda que a pretensão democrática não tenha sido alcançada idealmente, a aposta de intervenção propositiva nos processos eleitorais claramente trouxe ganhos de transparência e confiança, melhorando o diálogo, a convivência interna e também o clima organizacional.


Palavras-chave


Democracia; Eleições; Educação

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