Última alteração: 2019-08-26
Resumo
A intensa e exaustiva rotina de cuidados e intervenções impostas por procedimentos numa Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) tem potencial de causar danos ao sistema neurológico do recém-nascido (RN) prematuro que neste ambiente completará seu desenvolvimento extra-uterino. O sono, interrompido constantemente, constitui-se um fator essencial para o desenvolvimento neurológico e crescimento. Em decorrência disso, é necessário mimetizar o “ninho uterino” com redução na intensidade de luz e estímulos, diminuindo o tempo de permanência na unidade intensiva sem comprometimentos. Como forma de auxiliar no estabelecimento dos estados de alerta e vigília e favorecer o desenvolvimento visual dos RN prematuros, o uso de cortina corta luz, "blackout", sobre as incubadoras tem sido adotado como uma prática de humanização do cuidado em Unidades Neonatais. Esta comunicação objetiva descrever a experiência da equipe de enfermagem na utilização do “blackout” nas incubadoras de RN prematuros na Unidade Neonatal da Maternidade Escola da UFRJ (ME-UFRJ). Além de trazer subsídios para enriquecer discussões sobre esta prática, espera-se suscitar iniciativas de pesquisas sobre a sua aplicação contribuindo para a sistematização da sua implantação e disseminação. Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência por observação participante no cenário da UTIN da ME-UFRJ. A unidade possui uma estrutura física antiga, sem iluminação individualizada. A minimização da exposição direta à luz ambiente, era realizada com cueiros/lençóis, porém apenas a face superior da incubadora era coberta e o material permitia a passagem da luz artificial. Como estratégia piloto foram confeccionadas capas para as quatro faces (superior, laterais e anterior) das incubadora, feitas com material de "blackout" de cortina em PVC, que bloqueia a passagem a luz e permite uma desinfecção adequada. Num delineamento inicial, destina-se ao RN < 34 semanas, mantendo até atingir a idade gestacional corrigida. Durante o uso, os neonatos permanecem monitorizados. Aqueles com instabilidade clínica é realizada a avaliação individual. Nos casos de fototerapia, o uso é suspenso, devido ao aquecimento do aparelho. A conferência dos critérios de elegibilidade/manutenção são revistos diariamente pelas enfermeiras da rotinas da unidade. Os resultados empíricos imediatos mostram menor nível de estresse entre os RN, caracterizado por menores alterações comportamentais e fisiológicas. A estratégia contribuiu para menor manuseio dos RN. Ressaltamos que mesmo com a utilização da cortina corta luz, "blackout", o contato e o toque dos pais/ responsáveis são incentivados, bem como o Método Canguru. Um protocolo de sistematização da estratégia encontra-se em construção.