Última alteração: 2017-08-18
Resumo
Doenças periodontais são condições biofilme-dependentes que desencadeiam um conjunto de respostas imunoinflamatórias responsáveis por danificar os periodontos de proteção e sustentação dos dentes. O termo refere-se às gengivites e periodontites, as quais diferem no processo patológico. O acúmulo de biofilme e consequente resposta inflamatória do hospedeiro podem levar a danos irreversíveis no periodonto e, em estágios avançados, ocasionar a perda do elemento dentário. A relação entre Doença Periodontal e condições sistêmicas é alvo de interesse de pesquisas há alguns anos e recentemente a Doença de Alzheimer foi incluída nesse escopo. A Doença de Alzheimer é a condição neurodegenerativa mais comum e a principal causa de demência em idosos, sendo compreendida como um resultado da interação entre fatores genéticos e ambientais. Em termos populacionais, o perfil demográfico da população brasileira está em constante mudança, até 2025 o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos e a expectativa média de vida também acompanha este aumento. A prevalência da doença periodontal e demência na população idosa é alta e continua aumentando concomitantemente ao envelhecimento da mesma. É evidente a repercussão negativa de tais eventos na qualidade de vida do indivíduo. Compreende-se, a partir da alta prevalência dessas doenças na população idosa e seu expressivo aumento demográfico, que esse grupo populacional requer atenção especial no contexto das ações de promoção de saúde. O objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão no sentido de compreender como a literatura científica tem abordado as relações entre Doença Periodontal e Doença de Alzheimer. Foi realizada uma revisão de literatura nos bancos de dados PubMed, Scielo e Bireme, utilizando as palavras-chave: “Alzheimer disease”, ”periodontal disease” e “periodontitis”. Foram incluídos artigos originais e de revisão, em português e inglês e que abordassem diretamente o tema. Os artigos indisponíveis foram excluídos. A seleção final foi composta por 64 artigos. A literatura propõe mecanismos fisiopatológicos pelos quais a doença periodontal pode contribuir para a patogenia da Doença de Alzheimer, sendo eles: os efeitos diretos dos microrganismos patogênicos envolvidos na doença periodontal e seus produtos e os efeitos indiretos dos produtos bacterianos e da resposta do hospedeiro, ambos levando ao aumento da permeabilidade da barreira hematoencefálica, neuroinflamação e consequente neurodegeneração. As evidências disponíveis indicam uma tendência positiva para a associação entre Doença Periodontal e Doença de Alzheimer, para além de uma simples coincidência. São necessários novos estudos com metodologias bem delineadas para elucidar a dimensão dos efeitos preventivos da contenção da Doença Periodontal na patogenia da Doença de Alzheimer, bem como reforçar seu potencial de afetar o início e progressão da mesma.
Palavras-chave: Alzheimer disease; periodontal disease; periodontitis.