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CONSUMO MATERNO DE DIETA HIPERLIPÍDICA NA GESTAÇÃO E LACTAÇÃO REGULA SISTEMA ENDOCANABINÓIDE E PREFÊRENCIA ALIMENTAR DA PROLE
Isis Trevenzoli, Camilla Dias-rocha, Mariana Macedo Almeida, Carmen Cabanelas Pazos-Moura

Última alteração: 2017-08-18

Resumo


Introdução: Desafios nutricionais durante a gestação e lactação podem programar para alterações no metabolismo energético e no comportamento alimentar da prole na idade adulta. O consumo materno de dieta hiperlipídica (DH) por ratas no período perinatal causa obesidade na prole ao longo da vida. Na obesidade, há resistência central ao hormônio leptina e aumento da atividade do sistema endocanabinóide (SEC), ambos contribuindo para o aumento da ingestão alimentar. O SEC é composto pelos canabinóides endógenos anandamida e 2-araquidonoilglicerol, os receptores canabinóides (CB1 e CB2) e as enzimas de degradação ácido graxo amida hidrolase (FAAH) e monoacilglicerol lipase (MAGL). Neste estudo, hipotetizamos que o consumo materno de DH programa as proles macho e fêmea para alterações na expressão de componentes do SEC e de neuropeptídios hipotalâmicos chaves no controle da ingestão alimentar ao nascimento, contribuindo para um comportamento hiperfágico, com preferência por dietas palatáveis, e obesidade na idade adulta.

Objetivo: Estudar os efeitos do consumo materno de dieta hiperlipídica sobre o conteúdo proteico dos componentes do SEC e de neuropeptídios no hipotálamo das proles macho e fêmea ao nascimento e sua influência no comportamento alimentar da prole na idade adulta.

Métodos: Os procedimentos com animais foram aprovados pela CEUA/CCS/UFRJ protocolo IBCCF 123/14. Ratas Wistar, com 60 dias de idade, receberam dieta normolipídica (9% lipídeos; grupo C) ou hiperlipídica (29% lipídeos; grupo DH) por oito semanas antes do acasalamento e durante a gestação e lactação. Ao nascimento, parte das proles macho e fêmea foi eutanasiada para coleta do plasma, utilizado para avaliação da leptinemia por radioimunoensaio, e do hipotálamo total, utilizado para determinação do conteúdo proteico de componentes do SEC e de neuropeptídios hipotalâmicos pelo método de Western Blotting. Outra parte da prole foi mantida até os 150 dias de idade, quando foi avaliado o consumo e a preferência alimentar.  *p<0,05 (Teste t sudent não-pareado).

Resultados: A DH materna não alterou o peso corporal (C macho: 7,2±0,16; DH macho: 6,88±0,13; C fêmea: 6,80±0,16 e DH fêmea: 6,64±0,13) e o comprimento naso-anal (C macho: 5,3±0,57; DH macho: 5,2±0,42; C fêmea: 5,1±0,43 e DH fêmea: 5,1±0,40) das proles macho e fêmea ao nascimento. Com relação aos machos neonatos, o consumo materno de DH reduziu a leptinemia (-64.6%*) e aumentou o conteúdo hipotalâmico de CB1 (+144,01%*), POMC (+44,3%*) e orexina-A (+173,8%*). Já a prole fêmea DH, ao nascimento, apresentou maior conteúdo hipotalâmico de CB2 (+108,20%*) e MAGL (+32,11%*). Na fase adulta da vida, ambas as proles do grupo DH apresentaram maiores peso (macho: +6,3%, p=0,07 e fêmea: +3,3%*) e adiposidade (macho: +33%*; fêmea: +11%*) corporais. Além disso, as proles macho e fêmea DH apresentaram comportamento hiperfágico transitório ao longo da vida, com maior preferência por dieta hiperlipídica (machos: +103%* e fêmeas: +45%*), enquanto a prole controle prefere a dieta hiperglicídica.

Conclusão: O consumo materno perinatal de dieta hiperlipídica resultou em alterações do SEC hipotalâmico ao nascimento de maneira gênero específica, sugerindo mecanismos distintos entre as proles macho e fêmeas no estabelecimento do fenótipo obeso e hiperfágico.

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