A CEROPLASTIA COMO ARTE APLICADA: OS MODELADORES ANATOMICOS DA FAMÍLIA BALDISSARA NA FACULDADE NACIONAL DE MEDICINA DO RIO DE JANEIRO
Resumo
A ceroplastia é a técnica de representação de corpo humano e/ou suas partes a partir da produção de modelos anatômicos em cera, foi aplicada ao ensino médico no Brasil. Até 1916 a maior parte das peças em cera utilizadas no ensino médico dentro da Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro era proveniente da Europa, onde a ceroplastia foi largamente difundida. A partir deste ano, Dr. Aluysio de Castro, diretor da Faculdade, contrata o escultor ceroplasta Alberto Baldissara encarregando-o da produção das peças anatômicas da Faculdade de Medicina. O ofício de escultor em ceroplastia foi o elemento que criou um elo profissional de Alberto Baldissara seus filhos Aldo, Arthur, Célio, Ulysses e Timóteo e seu sobrinho Albino Baldissara, alguns dos quais vieram a exercer a mesma função na instituição, como modeladores em cera e restauradores. Segundo o próprio Alberto Baldissara, ele cria uma livre adaptação à técnica de ceroplastia aprendida por ele com o artista italiano em Roma, Bezzi.
A proposta deste projeto é abordar o início do setor de ceroplastia na Faculdade Nacional de Medicina, o desenvolvimento do trabalho de modelagem em cera enquanto atividade familiar e institucional, na medida em que contribui grandemente com atividades didáticas e de difusão de conteúdos médicos-científicos no país.
Através de registros institucionais e familiares, verificamos um amplo conjunto de peças de cera modeladas no contexto da Faculdade Nacional de Medicina nos períodos em que funcionava na Santa Casa de Misericórdia e na Praia Vermelha. Ao longo do tempo, contudo, este acervo parece não ter sido devidamente preservado, possivelmente pela dificuldade em estabelecer um restauro eficiente, pois aquela técnica aplicada à medicina tornou-se obsoleta por volta dos anos de 1950, frente aos usos de tecnologias mais modernas como a utilização da ilustração médica, desenvolvida, por exemplo, pelo neto de Alberto Baldissara, Arthur Baldissara na área de cirurgia plástica.
Ao recuperar esta memória dos escultores ceroplastas da Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, buscamos valorizar o trabalho desenvolvido nesta proeminente universidade, que agora comemora seu centenário, e finalmente, valorizar a produção artístico-científica brasileira e sua importância como patrimônio material e imaterial que ela comporta.
Palavras-chave: Ceroplastia; Memória; Baldissara; UFRJ