Última alteração: 2021-07-08
Resumo
A astronomia é uma ciência que em si sempre desperta nas pessoas um interesse especial e independente de sua origem cultural ou social. Fato que se deve principalmente a questões ligadas a nossa própria existência e nosso lugar no Universo: Como surgiu o Universo? Qual o seu tamanho? São alguns exemplos desses questionamentos. Por seu caráter atrativo, ela é usada como agente motivador no ensino de outras ciências, tais como matemática, por exemplo. Na verdade, a astronomia pode ser considerada como um dos maiores motivadores para despertar o interesse de jovens para as áreas de ciência e tecnologia.
De uma maneira geral, há diversos problemas no ensino de Ciências nos níveis Fundamental e Médio e isso se acentua no caso da Astronomia. Para pessoas cegas e com baixa visão, o ensino de Astronomia é ainda mais precário, pois carece de material específico, desenvolvido para suprir essa necessidade. Neste contexto, trabalhos em relevo com diferentes texturas e contraste de cores, impressos em Braille e tipo ampliado são essenciais. Assim, diante da escassez de materiais para alunos com deficiência visual e diante do crescente número de alunos cegos ou com baixa visão matriculados nas escolas regulares do país, surge o projeto Universo Acessível desenvolvido no Observatório do Valongo – UFRJ em parceria com o Instituto Benjamin Constant (IBC). Nosso trabalho tem enfoque na produção de recursos didáticos adaptados em diferentes formatos, servindo de apoio para alunos do Ensino Fundamental com deficiência visual, buscando estimular o conhecimento acerca da astronomia.
Todo material desenvolvido segue as diretrizes apresentadas na Base Nacional Comum Curricular. Deste modo, cada material será aplicado em diferentes séries. Uma vez escolhido o tema e escrito o texto e figuras a serem adaptadas, passamos aos professores do IBC para que verifiquem a adequação das escolhas. Após a aprovação iniciamos o processo de desenvolvimento do material. Como resultado, desenvolvemos material 3D, de fácil reprodução e baixo custo (Lua, Planetas); recursos didáticos táteis, utilizando a técnica de termoformagem (três cadernos pedagógicos); jogos (dois jogos) e livro falado. Depois de finalizado, o material é avaliado por revisores cegos e com baixa visão do IBC e, uma vez corrigidos os eventuais problemas, são testados em sala de aula. Finalmente o material aprovado é doado ao IBC que é responsável por sua distribuição no território nacional para instituições públicas de ensino. Como conclusão podemos afirmar a importância do trabalho interdisciplinar como um dos caminhos que favorece produções pela perspectiva da Educação Inclusiva, respondendo às demandas das pessoas cegas ou com baixa visão, tendo como resultado materiais inclusivos, mas não exclusivos para esse público.